Syd Barret
Quando fala-se em Pink Floyd todos lembram de clássicos como Dark Side of The Moon, Ummagumma, Atom Heart Mother, Meddle, Wish You Were Here e The Wall. Também ficaram famosas as brigas do ex-baixista Roger Waters e os outros integrantes (David Gimour, Nick Mason e Rick Wright) pelo uso do nome da banda, depois que Waters deixou o grupo após o fraco The Final Cut. Mas o que pouca gente (em especial a garotada que começou a ouvir o som do Floyd mais recentemente) sabe é que não é Waters e muito menos Gilmour, o responsável pelo nascimento desse grupo em plena Swingin' London nos anos 60 e que pulou do psicodelismo para a ópera-rock, criando o termo progressivo, que provoca arrepios em muitas pessoas.
A banda começou quando um excêntrico garoto chamado Roger Keith Barrett, apelidado de Syd, montou o grupo no meio da década de 60, tendo como base o rock dos anos 50 de Bo Diddley e de Buddy Holly, além de Rolling Stones. Carismático, enigmático, foi um dos primeiros (ou o pioneiro) a se pintar para subir ao palco, usando unhas coloridas e roupas extravagantes. Sua influência foi tão devastadora, que mesmo ficando pouco tempo na banda que montou (1965 até 1968), deixou marcas em novos candidatos a astros do rock como David Bowie, que segundo uma lenda freqüenta até hoje uma sociedade secreta que cultua Syd. Bowie nunca negou sua paixão por aquela figura esquisita, magra e de olhar esparso: “Quando vi o Floyd ao vivo pela primeira vez, fiquei chapado com o visual dele. Imagina usar unhas pintadas, pinturas naquela época! Eu queria ser igualzinho. Ziggy (Stardust) foi uma homenagem minha ao Barrett”, confessaria anos depois.
À medida que a popularidade do Pink Floyd aumentava, assim como o consumo de drogas psicotrópicas por parte de Syd (especialmente LSD), a sua apresentação nos concertos tornava-se mais e mais imprevisível e o seu comportamento em geral um estorvo para o sucesso da banda. Os problemas iniciaram durante a primeira turnnê do grupo pelos Estados Unidos no fim de 1967, Syd começou a ficar extremamente difícil e cada vez mais ausente; tendo essa ausência e o seu estranho comportamento começado a causar problemas ao grupo.
O empresário da banda, Peter Jenner, até hoje guarda vívidas lembranças de Barrett. “A imagem mais forte que ele me passava é que quando ficava em seu apartamento pintado círculos coloridos. Ao mesmo tempo era capaz de escrever uma canção. Eu conseguia notar que o abusivo consumo de ácido estava deixando-o com uma certa loucura, mas era essa quase insanidade que o fazia extremamente criativo.”
Syd era apaixonado por pintura e havia estudado na escola de arte em Cambridge. Ao ser perguntado como conseguia conciliar as duas habilidades - música e pintura - apenas respondia que eram uma extensão: “reconheço ter talento com palavras, mas acho que pinto igualmente bem.”
Depois de abandonar a carreira de músico, Barrett só entrou mais uma vez em um estúdio. E mesmo assim, deixou marcar profundas em seus colegas.
O Pink Floyd estava finalizando a canção “Shine On You Crazy Diamond”. Encontraram no estúdio uma pessoa que ninguém conhecia. Aos poucos foram se tocando que se tratava do Barrett. Foi a primeira e a última vez que apareceu no estudio desde The Madcap Laughs. Segundo a descrição, estava com todos os pêlos do corpo raspados. Syd estava com um pequeno saco de mão, com uma escova de dente na outra mão, e dando pulinhos enquanto escovava os dentes.
A cena foi extremamente chocante para todos. Syd conversou mais com Roger e David, que eram os seus dois grandes amigos na banda. Aliás, Roger certa vez disse que o maior fator de união da banda era a amizade que eles tinham pelo Syd. Afora isto em comum, são pessoas totalmente diferentes. Gilmour dizia que Syd estava dizendo como ele estava melhor e pronto para voltar a banda. Gilmour iria casar naquele dia, após a sessão e Syd acabou se convidando. O guitarrista dizia que não teve como sugerir que ele não fosse e passou o evento todo estressado na expectativa que Syd chegasse naquele estado. Syd Barrett não apareceu, aliás, Syd nunca mais apareceu.
Manteve-se recluso de todos e só conseguiu ser fotografado alguns anos atrás. Para espanto dos fãs, nada lembra aquela figura carismática. Syd no final da vida estava quase careca, gordo, e as poucas palavras ditas sobre ele são feitas raramente e algumas vezes por algum familiar. Sua vida pessoal era mantida distante, mas há quem jure que levava uma vida quase vegetativa, assistindo televisão e dando caminhadas perto de sua casa. Talvez o maior (e último) sobrevivente do abusivo uso de drogas, Barrett, mesmo com uma discografia pequena, virou uma das ultimas lendas viva do rock. Talvez apenas Hendrix ou Jim Morrison fariam frente, se estivessem vivos e contemporâneos.
Old Syd (fotos raras) Eu não queria divulgá-las....
Outra história até hoje pouco explicada é a tentativa de Syd gravar um novo disco em 1974, patrocinado por pessoas que preferiram ficar anônimas. Especula-se que uma delas era David Bowie. As sessões duraram quatro dias, sem resultado prático algum e todo o material desses dias simplesmente desapareceram.
"..não sou nada do que você gosta de imaginar.."
...pra mim a foto definitiva...
...é assim que sempre deveríamos lembrar dele...